sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Como criancinhas...


Éramos a única família no restaurante com uma criança. Eu coloquei Daniel numa cadeira para crianças e notei que todos estavam tranqüilos, comendo e conversando. De repente, Daniel gritou animado, dizendo: 'Olá, amigo!', batendo na mesa com suas mãozinhas gordas. Seus olhos estavam bem abertos pela admiração e sua boca mostrava a falta de dentes. Com muita satisfação, ele ria, se retorcendo. Eu olhei em Volta e vi a razão de seu contentamento. Era um homem andrajoso, com um casaco jogado nos ombros, Sujo, engordurado e rasgado. Suas calças eram trapos com as costuras abertas até a metade, e seus dedos apareciam através do que foram, um dia, os sapatos. Sua camisa estava suja e seu cabelo não havia sido penteado por muito tempo. Seu nariz tinha tantas veias que parecia um mapa. Estávamos um pouco longe dele para sentir seu cheiro, mas asseguro que cheirava mal. Suas mãos começaram a se mexer para saudar. 'Olá, neném. Como está você? disse o homem a Daniel. Minha esposa e eu nos olhamos: 'Que faremos?'. Daniel continuou rindo e respondeu, 'Olá, olá,amigo'. Todos no restaurante nos olharam e logo se viraram para o mendigo. O velho sujo estava incomodando nosso lindo filho. Trouxeram a comida e o homem começou a falar com o nosso filho como um bebê. Ninguém acreditava que o que o homem estava fazendo era simpático. Obviamente, ele estava bêbado. Minha esposa e eu estávamos envergonhados. Comemos em silêncio; menos Daniel que estava super inquieto e mostrando todo o seu repertório ao desconhecido, a quem conquistava com suas criancices. Finalmente, terminamos de comer e nos dirigimos à porta. Minha esposa foi pagar a conta e eu lhe disse que nos encontraríamos no estacionamento. O velho se encontrava muito perto da porta de saída. 'Deus meu, ajuda-me a sair daqui antes que este louco fale com Daniel', disse orando, enquanto caminhava perto do homem. Estufei um pouco o peito, tratando de sair sem respirar nem um pouco do AR que ele pudesse estar exalando. Enquanto eu fazia isto, Daniel se voltou rapidamente na direção onde estava o velho e estendeu seus braços na posição de 'carrega-me'. Antes que eu pudesse impedir, Daniel se jogou dos meus braços para os braços do homem. Rapidamente, o velho fedorento e o menino consumaram sua relação de amor. Daniel, num ato de total confiança, amor e submissão, recostou sua cabeça no ombro do desconhecido. O homem fechou os olhos e pude ver lágrimas correndo por sua face. Suas velhas e maltratadas mãos, cheias de cicatrizes, dor e trabalho duro,suave, muito suavemente, acariciavam as costas de Daniel. Nunca dois seres haviam se amado tão profundamente em tão pouco tempo. Eu me detive, aterrado. O velho homem, com Daniel em seus braços, por um momento abriu seus olhos e olhando diretamente nos meus, me disse com voz forte e segura: 'Cuide deste menino'. De alguma maneira, com um imenso nó na garganta, eu respondi: 'Assim o farei'. Ele afastou Daniel de seu peito, lentamente, como se sentisse uma dor. Peguei meu filho e o velho homem me disse: 'Deus o abençoe, senhor. Você me deu um presente maravilhoso'. Não pude dizer mais que um entrecortado 'obrigado'. Com Daniel nos meus braços, caminhei rapidamente até o carro. Minha esposa perguntava por que eu estava chorando e segurando Daniel tão fortemente, e por que estava dizendo: 'Deus meu, Deus meu, me perdoe'. Eu acabava de presenciar o amor de Cristo através da inocência de um pequeno menino que não viu pecado, que não fez nenhum juízo; um menino que viu uma alma e uns adultos que viram um montão de roupa suja. Eu fui um cristão cego carregando um menino que não o era. Eu senti que Deus estava me perguntando: Estás disposto a dividir seu filho por um momento?, quando Ele Compartilhou Seu Filho por toda a eternidade. O velho andrajoso, inconscientemente, me recordou: Eu asseguro que aquele que não aceite o reino de Deus como um Menino, não entrará nele.(Lucas 18:17).

AS ESCOLHAS DE UMA VIDA


A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: 'Nós somos a soma das nossas decisões'. Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu. Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso. Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção, estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar 'minha vida'. Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades. As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços... Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas. Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. Por isso é tão importante o auto conhecimento. Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos. Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre. Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as conseqüências destas ações. Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, Mas também 50% de chance de darem errado. A escolha é sua... (Pedro Bial)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Como foi criado o POLICIAL


O pai do céu estava no sexto dia de horas extraordinárias, quando aparece um Anjo e lhe diz:
-Estás levando muito tempo nessa criação Senhor! O que tem de tão especial esse homem?
-Tu já visses o que me pedem neste modelo?
Um policial tem que correr 10 km por ruas escuras, subir por paredes, pular muros, entrar em matagais, invadir casas que nem um fiscal de saúde pública ousa penetrar, e tudo isso, sem sujar, manchar ou rasgar o seu uniforme.
Tem que estar sempre em boa forma física, quando nem
sequer lhe dão tempo para comer.
Tem que investigar um homicídio, buscar provas nessa mesma noite e, no outro dia, ir até um tribunal prestar depoimento.
Também tem que possuir quatro braços, para poder dirigir sua viatura, atirar contra criminosos e ainda chamar reforço no rádio.
O Anjo olha para ELE e diz: -Quatro braços? Impossível!
Ao que Ele
responde:
-Não são os quatro braços que me dão problemas e sim os três pares de olhos que necessita.
-Isto também lhe pedem neste modelo? Pergunta o Anjo.
Sim, necessita de um par com raios-x, para saber o que os criminosos escondem em seus corpos;
Um par ao lado da cabeça para que possa cuidar de seu companheiro;
E,
Outro para conseguir olhar para uma vítima que esteja sangrando e ter discernimento necessário para dizer que tudo lhe sairá bem, quando sabe que isto não corresponde à verdade.
Neste momento, o Anjo diz: Descansa e poderás trabalhar amanhã.
-Não posso, responde! Eu fiz um policial que é capaz de acalmar ou dominar um drogado de 130 quilos sem nenhum incidente e, ao mesmo tempo, manter uma família de cinco pessoas com seu pequeno salário.
Ele estará sempre pronto para morrer em serviço, com sua arma em punho e com o sentimento de honra correndo junto ao sangue.
-Mas Senhor, não é muita coisa para colocar em um só modelo?
-Não. Não irei só acrescentar coisas, mas também irei tirar. Irei tirar seu orgulho, pois infelizmente para ser reconhecido e homenageado ele terá que estar morto.
Ele também não irá precisar de compaixão; pois ao sair do velório de seu companheiro, ele terá que voltar ao serviço e cumprir sua missão normalmente.
-
Então ele será uma pessoa fria e cruel?
Certo que não – responde o Pai do céu!
Ao chegar em casa, deverá esquecer que ficou de frente com a morte, e dar um abraço carinhoso em seus filhos dizendo que está tudo bem.
Terá de esquecer os tiros disparados contra seu corpo, ao dar um beijo apaixonado em sua esposa.
Terá que esquecer as ameaças sofridas, ao ficar desesperado quando o salário não der para pagar as contas no final do mês.
E terá que ter muita, mas muita coragem para no dia seguinte, acordar e retornar ao trabalho, sem saber se irá voltar para casa novamente.
O Anjo olha para o modelo e pergunta:- Além de tudo isso, ele poderá pensar?
-Claro que irá poder!
Poderá investigar, buscar e prender um criminoso em menos tempo que cinco juízes levam discutindo a legalidade dessa prisão...
Poderá suportar as cenas de crimes às portas do inferno, consolar a família de uma vítima de homicídio e, no outro dia, ler nos periódicos que os policiais são insensíveis aos direitos dos criminosos.
Por fim, o Anjo olha para o modelo, lhe passa os dedos pelas pálpebras, e fala: -
Tem uma cicatriz, e saí água. Eu te disse que estavas pondo muito nesse modelo!
-Não é água, são lágrimas...
-
E Porque lágrimas?
-
São por todas as emoções que carrega dentro de si...
Por um companheiro caído ...
Por um pedaço de pano chamado bandeira...
E por um sentimento chamado Justiça!
És um gênio! - Responde-lhe o Anjo.
O Pai do Céu
o olha, todo sério, e diz:
-Não fui Eu quem lhe pus as lágrimas...
Ele chora, porque é simplesmente um homem!

“O policial é um acadêmico, que um dia aprendeu na escola que nossas vidas tem mais valor que a dele”
Autor desconhecido(modificado por Afrodite Marques)